segunda-feira, 7 de março de 2011

Tem muita gente pra sair antes dela

Durante anos, pelo menos sete, eu tenho convivido nesta net BBB e a discussão recorrente é sempre que o Big Brother é um jogo, que na Europa é que é bacana, pois os jogadores não medem esforços, que eles jogam pesado, trapaceiam e blefam. Que no Brasil a gente tinha inventado o raio da novelinha e estragado o espírito do Big Brother. Da mesma maneira o fato do reality em outros países usar e abusar de cenas e situações picantes também era usado contra o Big Brother brasileiro dizendo que aqui tinham transformado um jogo de gente adulta em coisa de criança.
Outra grande acusação feita ao nosso formato do reality era a grande ênfase dada aos romances e que beijo na boca tirava o espírito do jogo e comprometia a questão principal do BBB. Então chega o BBB11 e a produção do programa enche o jogo com personagens polêmicos, difíceis de o público fazer identificação novelesca, sem uma conduta pautada em inibições moralista ou falsa candura. E então parte do público condena a liberdade de Maria e sua falta de pudor ou freio e hoje, a grande jogadora do BBB11, quiçá da história do Big Brother Brasil está sendo eliminada pelas enquetes da net e dificilmente escapará deste paredão.
Somos hipócritas? Sim, grandes e desavergonhados hipócritas. Talula cometeu vários erros, mas não sei se eles justificam essa rejeição do público. Ela foi lisa, escorregadia, pautou seu jogo por sua conveniência pessoal, blefou, escondeu às cartas, sumiu com a rainha do tabuleiro do adversário, mas ela fez o que foi proposto, jogar. Pura e simplesmente jogar, sem fazer nenhum tipo de discurso que encobrisse suas intenções. Talula não disse que era a enviada dos deuses para salvar as pessoas do bem do BBB11, ela jamais tachou o outro de ser do mal por votar nela. Não revestiu seu jogo e suas estratégias com nenhum discurso filosófico e jamais ofendeu ninguém na casa.
O problema de Talula é que ela fala demais, ela gosta da fofoca, de saber da vida dos outros, de dizer o que sabe para sentir-se importante. Mas, ela não é uma pessoa perniciosa, pois ela fala tanta bobagem que o que ela fala acaba não depondo contra o alvo da fofoca, depõe apenas contra ela, Talula. Jogo bonito o da Tatá? Talvez não. Pelo menos não com aquela beleza que a gente está acostumado a inferir em jogos que abraçamos no BBB. Mas deu prazer assistir Talula, foi engraçado vê-la tentando esquivar-se do paredão de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Deu raiva muitas vezes quando a vimos titubear diante de um confronto importante ou beijar o inimigo mesmo ela sabendo que amigo ele não era.
No entanto, foi bonito vê-la costurar o jogo, abrir os olhos do Daniel e da Maria, construir alianças e desfazê-las. Parece-me muito mais por instinto de sobrevivência do que por maldade ou por um propósito de eliminar determinado adversário, por isso ela foi tão sinuosa. Claro que também Talula tem medo, ela já verbalizou seu medo quinhentas vezes. E, creio, ela tem medo porque sabe que armou muito, que jogou pesado. Parece-me que eles têm a exata noção do que são dentro do jogo apesar de muitas vezes quererem enganar o público, enganar a si próprio não é tão fácil.
Mas, Talula foi digna na hora em que teve sua cabeça na guilhotina, não se esquivou de votar no Maumau apesar de julgá-lo um forte adversário. Manteve-se de cabeça erguida e com um sorriso nos lábios. Uma pena se Tatá sair tão cedo, mesmo sabendo que por seu tipo de jogo ela não mostrou perfil para levar o prêmio para casa, eu acredito que Talula fez história no Big Brother Brasil e será sempre lembrada como uma jogadora esperta, inteligente e que muitas vezes deu o rumo do jogo no BBB11. Como eles dizem, tem muita gente para sair antes dela.

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